terça-feira, 19 de março de 2013

NOSSO VOTO TEM VALOR?

Hoje penso em liberar o verbo para um fato que a muito está atravessado em minha garganta, algo que iniciou no ano de 2008 aqui nos estados do Acre, Amazonas e Pará. No ano citado, um projeto de lei de autoria do então senador Tião Viana mudava o fuso horário, ou seja, todos os relógios deveriam ser adiantados em uma hora para assim estarmos segundo ele mais integrados economicamente ao restante do país.
Até entendo os seus motivos, e nos primeiros momentos busquei apoiar em minha mente e em minhas falas a mudança proposta, entretanto, os problemas começaram a surgir, primeiro os alunos das escolas que na prática deveriam acordar mais cedo para estarem nas escolas, todavia, a escuridão da madrugada ainda estava de plantão, levando assim pais e crianças a uma preocupação, seria viável ter crianças indo para a escola na escuridão da madrugada. Pode parecer exagero, mais na prática era o que acontecia, o nascente em nosso estado (Acre) era por volta das 06h, o horário de entrada dos alunos 07h no período da manhã e 13h no período da tarde, com a antecipação dos horários, a entrada no período da manhã na prática ocorria às 06h, (fuso antigo) sendo que o trajeto destes alunos até a escola ocorria no início do raiar do dia. A situação se agravava se o aluno fosse do interior, pois o trajeto destes alunos poderia levar mais de uma hora.

Podemos imaginar rapidamente uma solução prática para isso, mudar o horário de entrada das escola, mas isso só ocorreu em 2010, talvez por acarretar outros problemas como a mudança na rotina de muitos pais que levavam seus filhos para a escola e depois entravam em seus trabalhos, às 08h, ou seja, mudar o horário de entrada das crianças provocaria uma irritação geral, mas permanecer com este novo horário também estava causando irritação geral. Solução, propor um plebiscito onde o povo escolheria o melhor fuso horário para o estado. E em novembro de 2010, 56% da população acriana escolheu voltar para o horário antigo. Parecia ser o fim da polêmica, mas não, em 21/12/2011,  o vice-presidente Michel Temer, que estava no exercício da Presidência, enquanto Dilma Rousseff tinha ido ao Uruguai em viagem oficial, assinou o veto ao projeto de lei que restaurava o antigo horário a estes estados, desta forma, a vontade popular do estado do Acre foi descartada pelo interesse de determinados grupos.
O então senador Tião Viana que ganha as eleições para governador do Acre em 2010, não se manifesta mais sobre o assunto, o silêncio impera, pouco se fala sobre o ocorrido, agora já se diz que está tudo bem pois todos estão acostumados com o novo horário,  certamente a grande maioria sim, mas realmente o que impulsiona o discurso deste que escreve, é a falta de valorização de uma decisão popular em um sistema que se diz democrático. Fica tudo isso de aprendizado para as novas gerações, e para que duas indagações não atormentem minha mente, deixo-as aqui expostas e livres para quem quiser arriscar uma resposta: Quanto vale realmente um voto? São estes os atos de uma democracia? 
As vezes não entendo como o silêncio impera para assegurar o interesse de um determinado grupo. Que dias melhores venham, que as formas de governar uma nação amadureçam com seus erros e acertos, e que o verbo esteja realmente solto, aqui, ali, em algum lugar do mundo.




Nenhum comentário: